domingo, 20 de setembro de 2009

…é preto

Augusto Alberto


Há muitos anos que não via e ouvia a Brigada Victor Jara e no comício de Coimbra, que encheu as escadinhas monumentais, aproveitei para a rever. Foi com gosto. Pena foi não ter encontrado um dos seus fundadores, o meu amigo Rui Curto, de quem fui companheiro na real República do Palácio da Loucura. Bem sei que na vida nem todos os desejos se cumprem. Também já não via há longo tempo o Manuel Pires da Rocha. Conheci-o era um menino, sempre pela mão do Pai. Foi um gosto. E com gosto continuo a saber que se fez homem e que aquela gente nunca cedeu e hoje, o Manuel, é o primeiro da minha lista de candidatos ao Distrito de Coimbra. Nela votarei também com todo o gosto.
Como deve ser em gente séria e que não cede, logo o Manuel fez publicamente uma séria denúncia, sobre o modo como se constrói o futuro hospital pediátrico de Coimbra, aliás, denúncia escrita no jornal regional de culto, ainda que um pouco encurralada. A gente sabe porquê. Estamos pois, perante factos graves, com certeza. E o que diz a denúncia? Que o fiscal residente, que fazia o controle da obra, se foi embora depois de deixar graves denúncias quanto à qualidade da construção do edifício. Logo quem tutela a obra, a Administração Regional de Saúde, veio garantir que tudo está bem e que portanto o hospital não cairá. Certo! A ministra da saúde, candidata nº1 pelo círculo de Coimbra pelo Partido Socialista, aos factos, também nada disse. Evidentemente que a ministra não se quis meter por atalhos. Dir-se-á que é um direito adquirido por esta gente. Certíssimo! E agora, deixo eu aqui uma metódica dúvida. Se aquele hospital puder um dia falar, que história de amores e traições nos dirá? Muitas com certeza.
De atalhos procura fugir também o PPD/PSD, evidentemente, mas mesmo que queira e se puder, de uma soberba gargalhada não se livrará. Ficamos a saber, e estamos bem longe das invenções, que afinal os votos, as nomeações e os lugares se compram com a melhor das baratezas e tudo muito fácil, contaram-nos militantes perfeitamente identificados. Com ligeireza, o militante, que militante, porque é preciso saber se aquela gente é militante, era chamado, e ali mesmo no tejadilho do automóvel, estacionado mansamente, assina a lista, se caso disso, ou entra e coloca a cruz, e logo no retorno e a troco, de uma caixa, tira os 25 euros. Um regalo e um mimo, ainda que Guilherme Silva diga que há muitas maneiras de matar pulgas. Ele lá saberá, ninguém tenha dúvida.
Dir-se-á que 25 euros num tempo destes não será coisa para botar fora e que portanto, no amealhar é que vai o ganho e aquele rapaz de nome Preto, é bem capaz de o saber e por isso, sabe bem dar ares de muitas e nobres condições e pela amostra, esperto que nem um alho.
Estamos pois perante uma pátria feita destes ditosos filhos, sufragados democrática e meritoriamente e, portanto, sem mácula sim senhor.
Porque está difícil, apetece-me acabar, dizendo um ditado popular, “foda-se que é preto” e perguntando, quando é que esta gente cairá?

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