sábado, 31 de outubro de 2009

Eleição da Mesa da Assembleia Municipal

Da falta de coerência dos "grandes partidos democráticos" já nós estamos conversados há muito tempo.
Mas sobre o que se passou, ontem, na primeira Assembleia Municipal deste mandato que agora começa, sobretudo na eleição para o presidente da dita, pode-se dizer que é caricato, à altura dos protagonistas.
A opinião de um dos deputados, Nelson Fernandes, da CDU:
"Apesar da votação secreta é fácil fazer contas:
As duas abstenções são da CDU e do Bloco de Esquerda. Os cinco votos da lista C são do Movimento 100%. Os restantes votos distribuem-se pelas listas A e B. Apesar de ter menos deputados municipais ganhou a lista A. É verdade que Lidio Lopes fez o trabalho de casa. É verdade que o discurso de despedida de Vítor Pais comoveu a plateia. Mas cá por mim penso que entre militantes do PSD escolheram aquele que tinha as cotas em dia. E está bem!"

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

As rectas, os biltres e o elefante Solimão

Augusto Alberto
Há portugueses escravizados em Espanha, e por portugueses. A gente sabe que há e por isso, nesta notícia, já não há originalidade. E sabemos com toda a certeza que vai continuar a haver, disso não tenhamos dúvidas. São os portugueses vulneráveis, dizem os biltres do regime.
Mas há outros portugueses, também escravizados, mas que são um pouco diferentes. São os da lufa-lufa das estradas.
São os portugueses, europeus, assalta-me a dúvida, que arrancam pela calada da noite ou pela madrugada de domingo, e é vê-los a fazer quilómetros danados nas rectas que logo começam após a fronteira e continuam por Ciudad Rodrigo, Salamanca, Valhadolid, estão em Castela e, Miranda de Ebro, vão para o Pais Basco. Sexta-feira, frenéticos, regressam pela tarde a entrar pela noite e madrugada. Mas as rectas são falsas, porque convidam à velocidade em cima do cansaço, da moleza e do sono.
Para o caso, reflicto também sobre a viagem épica do elefante Salomão para a Áustria. Das canseiras, dos trabalhos épicos do seu tratador e dos trabalhadores que lhe iam mantendo a estrutura e dos desgraçados dos militares que providenciaram acompanhamento e segurança.
Sabemos que o elefante Salomão, aportou à Áustria e por lá ficou. Não se fatigou em idas e voltas. Teve tratador, ração, o banho merecido e indispensável e morreu de velho. Mas isto foi na corte, lugar de onde um modo geral as pessoas nascem com o cu virado para a lua e ele, sortudo, porque um elefante não pede, acabou no sossego. E é assim que a vida deve ser. Nascer, viver com calma e morrer depois de uma velhice de modorra e farta.
Mas volto aos Portugueses, que a pátria despreza, num atavismo, que ficam aqui ao lado, porque foi o que se arranjou, e por isso vão e vem. Algumas vezes, vão, mas já não voltam, ou vem, mas já não vão. Ficam-se nas rectas, esgotados, e por isso, melhor sorte teve o elefante Salomão, que de pança cheia, morreu velho, de modo respeitável, como deverá morrer todo o bicho, excepto, o bicho português, emigrante, que às vezes não chega a lado nenhum.
Dir-se-á que é sina de pobre. Não é sina, nem pode ser um anátema, apesar dos portugueses andarem nisto há séculos. Eu diria antes, que na verdade, os portugueses estão a ser vítimas de um tal, socialismo de rosto humano, recordam-se? Que foi feito dele? Foi peditório para o qual eu nunca dei, confesso, e sempre tive dúvidas quanto à sua bondade, mas que ainda anda por ai a entreter, olá se anda…
Por isso, apetece-me dizer, que gosto bem mais do Saramago, serralheiro mecânico, comunista e Nobel, isto é que os fode, inventor de tremendas histórias, para o caso, a do elefante Solimão, e do Saramago que não acredita em deus. Por isso, façam o favor de continuar a ser o que são, uns biltres, que também foi coisa que deus, se existe, criou.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

De vento em poupa…


Isto está verdadeiramente tudo a aquecer. E a condizer. Até parece que acompanhamos a situação climatérica, em que o Outono pura e simplesmente desertou. Ele são os democratas, um estranho paradoxo, que não se dão com a democracia, não sabem funcionar sem maioria absoluta, o que vai proporcionar aquelas negociatas que já todos estamos habituados, mas que já provocou demissões de presidentes de junta democraticamente eleitos, como em Quiaios, ele é a operação Face Oculta, que, também como já estamos habituados, e a bem dos brandos costumes, não deve dar em nada, assim como não deu em nada outros casos que ainda estão frescos na memória, como o do Freeport, por exemplo.
Em Espanha, pelos vistos, a coisa pia mais fininho. Mas por aqui a culpa sempre foi solteira. E há-de morrer solteira.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Uma pergunta interessante

se deus não existe quem foi o filho da puta que criou as moscas e os imbecis?

Da “savonarola” de Buarcos ao “medici” de Matosinhos

Augusto Alberto

O largo da Má-Língua em Buarcos, se assim se diz, foi porque foi lugar de aveludadas ou diabólicas conversas. Por sobre a sua calçada passou no início do século o americano. Transporte feito de uma carruagem que se deslocava sobre carris, puxada por uma dupla de cavalos ou mulas, num tempo em que a Figueira, fruto de várias influências, estava na vanguarda. O americano transportava pessoas, bens e carvão, desde a mina do Cabo Mondego, passando a má-língua e o ténis, começava a bordejar a praia do peixe e o Mondego, até à estação do caminho-de-ferro da cidade, fim ou o início da linha da Beira Alta. Em anos mais modernos, foi ainda fim de linha dos transportes públicos urbanos, e por debaixo, no areal, deram-se os primeiros pontapés na bola. Sempre foi um admirável miradouro sobre o areal, as gaivotas em bando, o mar calmo ou revolto, a espuma e a bruma que banha e encobre o molhe que ajuda a uma melhor entrada dos barcos no rio. Continua local de culto, porque apesar de vicissitudes e de uma arquitectura sem grande nota, que a delimita, continua a manter a traça de vila piscatória. Contudo, tem um prédio com duas fachadas, forradas com um belíssimo azulejo azulado, em cuja aresta que as liga, existe um pequeno nicho, tapado com uma pequena cúpula, em forma manuelina, que recebe no seu interior, a virgem com o menino nos braços.
Há dias, por lá, seguia uma senhora cerca de dez metros à minha frente, a quem eu chamo a “savonarola” de Buarcos, mulher que diariamente calcorreia a avenida até à Figueira e volta, pregando a fé de Cristo contra a vida pagã. Quase sempre transporta uma pequena moldura que embeleza uma figura do menino e um livro, que bem poderá ser o dos salmos. Em dias de chuva e frio, torna a penitência mais cruel, porque com os chinelos na mão, caminha, com a planta dos pés chapinhando na água. De modo geral reza alto, pede graças para o povo, a reconversão e clemência para os desavindos.
Pois foi esta “savonarola”, que nesse dia de quase encontro, me assustou, quando inopinadamente se voltou para trás e exclamou: “ai meu menino que gosto tanto de ti”. No assombro, estremeci, porque já deixei de ser menino e porque nunca tive qualquer relação com a penitente, mas logo me recompus, porque percebi que o gesto era para o menino que repousa lá no nicho no colo de sua santa mãe.
Não sei se esta “savonarola” assistiu ao límpido e santo debate entre o Padre Carreira e Saramago. Mas presumo que tanto lhe fará, porque nela nada muda. De qualquer modo, se a senhora tiver oportunidade de ler este singelo texto, sempre aproveito para lhe dizer que nos tempos que correm é bem mais importante discutir e alertar sobre coisas mais materiais do que sobre coisas da fé. Aliás, em linha com as preocupações terrenas de Narciso Miranda, que excomungado, diz, ainda não perdeu a fé no “socialismo”, por isso não o discute, mas está materialmente preocupado, com medo das perseguições de que é vítima por parte dos seus, ainda, camaradas.
Dando de barato que Narciso foi um “quadrão” do “socialismo”, caído de repente em desgraça, confesso que exagera um tanto, porque me parece que no renascimento de Matosinhos, ainda não medrou outro papa Alexandre nem um novo Médici e por isso, não há perigo de fogueira em praça pública.

A água vem á baila



Já se sabia que a Figueira da Foz é um dos municípios que tem a água mais cara do país. O blogue “Outra Margem” faz uma resenha deste “caso” que já chegou aos jornais. O que admira é que tenha chegado só agora, dado o desplante, para não dizer pouca-vergonha, deste evento.
Acrescento só duas curiosidades: quem começou com a privatização, ou concessão, vai dar no mesmo, pois servem ambas para os privados tirarem os respectivos lucros de um bem público que devia ser de todos, foi o partido socialista, ou auto-denominado socialista, como queiram.
A segunda é que a CDU foi a única força que colocou no seu programa a municipalização da água. Não houve debate, claro. Quem pode, pode, e quem pode, manda. Ou quem sabe sabe, e o "ps" é que sabe.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

O admirável mundo velho

Augusto Alberto

Num jornal diário, cuja linha editorial cruza o mais sincero fervor católico com fotos de belas mulheres com pouca roupa, ou simplesmente nuas, uma autêntica desgraça, há dias, na sua última página, trouxe uma pequena fotografia de um português, um mimo, para disfarçar a vergonha, afirma o jornal, com um cartaz em que literalmente se desnuda socialmente e que diz: - tenho fome. A minha imaginação leva-me a admitir que o mimo com fome se expressou ali para os lados do Rossio. E porquê? Porque ali há movimento, e foi por isso que, nos finais dos anos 60 do século passado, a populaça viu ser largado um porco, com galonas de almirante. A algazarra foi muita. Carros a fintarem o porco almirante, a polícia e os pides, completamente destrambelhados à procura do dito, e o povo aos gritos: - agarra que é almirante. Eu que andava por perto, também dei conta do rebuliço, sem contudo ter a sorte de por o olho em tamanho marinheiro. Foi um mimo.
Isto foi para acabar com o país da penúria, de para lá e para cá, dos Montes e das Berças, cujos filhos desfilavam pela Rocha de Conde Óbidos, antes de subirem ao Pátria, ao Uíge, ao Infante D. Henrique ou ao Vera Cruz, muitos deles, convencidos de que iam matar “pretos” para retemperar a Pátria.
Veio a Revolução do 25 de Abril, e foi para isso que se lançou à praça o porco almirante, e nesse momento, convencemo-nos de que os mimos com fome jamais voltariam. Engano! Porque logo após, os filhos, os netos e os bisnetos do 24 Abril, regressaram. E têm feito coisas espantosas. De volta e meia, para sossegar os espíritos, trazem à santa Cova da Iria, o santo papa. Constroem estádios e montam campeonatos, um que já foi, da Europa e já vão cantado, que um campeonato do mundo de futebol está no papo, e em surdina, deixam-nos de novo, com cerca de 40% de mimos famintos, a fazer fé em dados falados num conclave de doutos economistas, por pessoa que julgo, com critério.
Entretanto, veio agora um dirigente do sistema, dizer-nos da completa incompetência para gerir esta pátria. Propõe-nos que se impluda o estádio que foi do Europeu na cidade de Aveiro. Confesso que a minha surpresa foi muita, mas lamento que se tenha esquecido de propor também, a criminalização de quem decide sobre estas coisas, porque só o julgamento político, uma espécie de farta penitência, não chega, porque, por isso mesmo, eles vão continuar por ai a criar mais mimos com fome.
Na instituição onde trabalhei 31 anos, houve uma senhora de que todos gostávamos muito e a quem chamávamos “tia”. Era uma penitente admiradora do católico António Guterres e sempre esteve convencida, evidentemente, de que os “socialistas” vieram ao mundo para acabar com os mimos com fome. Outro engano.
Estou completamente convencido de que essa nossa “tia”, continua convencida das virtudes “socialistas”, mas ela que me desculpe, ao fim de todos estes anos, se lhe disser que afinal, voltámos, muito rápido, ao admirável mundo velho.

Espelho meu



Como as coisas mudam. No “Tempo das Cerejas” Vítor Dias conta o estranho caso de um admirador do Bloco de Esquerda se insurgir pela beleza e juventude de Rita Rato, a nova deputada do PCP.
Faz-me sempre lembrar que em eleição anterior alguém me dizia, com um sorriso maldoso, que agora também o Bloco de Esquerda tinha deputadas feias, o que eu achei então de muito mau gosto.
Nelson Fernandes

Carta aberta a um amigo

Se se nota desilusão neste teu texto também é verdade que só se desilude quem anda iludido. Fizeste-me rir quando disseste que Portugal deveria ser uma democracia limpa.
Por várias razões. A primeira, é que democracia não existe. Como já deverias saber, é um conceito muito vago, muito discutível. A segunda é que “democracia burguesa” (o sistema vigente) limpa é coisa impossível, já que a classe dominante não é limpa. Estamos a ser governados por porcos e pelos seus seguidores. Repara que as duas obras mais perduráveis de dois dos governantes portugueses das últimas três décadas são autênticos recuos civilizacionais. Vejamos: Durão Barroso disse-nos que ia acabar com as armas de destruição massiva do ex-aliado dos americanos e destruiu um país, mas acredito que a consciência não lhe pesa pelos milhares de vítimas civis que causou e ainda causa, José Sócrates prepara-se para deixar Portugal, dentro de um ano, com um milhão de desempregados. Estes dois actos, não sou ingénuo, não foram lapsos, enganos, incompetências. Foram e são perpetrados, fazem parte das suas políticas. E não falo do incêndio à embaixada espanhola, nos idos de 75.
Também me fizeste rir quando disseste que isto tem de mudar. Sabes que isso não muda porque quem tem o poder não quer mudar, só largando-o, e isso só violentamente, porque também recorre à violência para o manter.
Agostinho, fizeste-me lembrar também o “velho Quim”, o que ele te disse uma vez, lembras-te?
Deixo-te um poema de Cândido da Velha, poeta angolano nascido em Ílhavo. Um poema que fala do teu mar:

É do mar que vêm estas vozes

é do mar que vêm estas vozes
silabando a linguagem das marés,
gravando na areia estranhas grafias
onde, quem sabe ver, desvenda o rumo
no sobressalto das ondas.

este permanente arfar marinho
desperta a ressonância do oculto escuro
de obscuros templos submersos onde o coração,
descompassadamente, se perturba
na iminência do segredo revelado.

cheiros de primeira pátria,
nesta urgência de sal em nossos membros,
atrai as pegadas para a líquida planura
pela saudade de verde glauco
que estira os corpos na fronteira do mar.

reminiscência da primeira voz,
neste marulhar à concha dos ouvidos,
desperta nossa cólera e angústia
de malograda fuga e de nos vemos,
na bagagem das águas, de olhos vítreos,
adormecidos peixes sobre a areia.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Temos governo



O que não é novidade nenhuma, pois também já tínhamos. O que também não é novidade nenhuma é que vamos ter mais do mesmo. Na tomada de posse o novel primeiro-ministro, que é o mesmo que lá estava, definiu prioridades. E as que definiu contradiz a sua própria política levada a cabo pelo anterior executivo que liderou.
A primeira, enumerou ele, é o combate à crise, apostando no crescimento económico e defendendo o emprego.
Aqui há a considerar que o código de trabalho aprovado pelo seu governo cessante, o XVII, este é o XVIII, é um importante instrumento para o alastramento do desemprego. Dados da OCDE dizem-nos que no final de 2010 Portugal terá 650.000 desempregados. Indicadores posteriores realçam já números bastante mais altos, tornando simpáticos os dados daquela organização.
Como segunda prioridade, José Sócrates coloca a modernização da economia e da sociedade. Penso que sobre isto estamos conversados. Não acredito que, na sua própria política, irá incrementar uma viragem de 180º. E não acredito em nome da determinação, da teimosia, da inteligência e coerência que o primeiro-ministro tem patenteado.
A terceira prioridade, não se riam mas foi o que ele disse, é a justiça social.
Não ouvi o discurso todo, não tenho pachorra para tanto, logo não me posso pronunciar se a perseguição aos professores vai continuar, uma perseguição em que nalguns casos tocou a raia da humilhação, como é do conhecimento público. E uma medida meramente economicista, a crispação social que provoca não justifica semelhante política.
Mas, embora com pézinhos de lã, que vamos ter mais do mesmo não restarão muitas dúvidas.
E estou de acordo com o cartoonista: este ano é p'ó Benfica!!!

domingo, 25 de outubro de 2009

Os 59.900 burros

Augusto Alberto


Há uns anitos, viajei com a família pelo Minho e parei em terra lindíssima, elevada a património histórico. Pela viagem, a barriga disse-nos que estava na hora de dar de comer ao gosto e resolvemos aportar e entrar por porta aberta, mesmo a calhar. O espaço soberbo e em linha com o espírito descontraído do passeio. Descontraído, estava também à espera do bacalhau, quando me deparo com a entrada de uma figura notável do “socialismo”, seu porta-voz para os assuntos económicos. Nada de especial, mas não tardou o espanto tomar conta de mim, porque logo de seguida, outra figura, entrou. A Sr. Deputada, Zita Seabra, que hoje, reafirma o seu contrário e à época, na crista, editou uma coisa meia apasquinada, rancorosa e despeitada. Vai lá entender-se. Evidentemente que os dois deputados passaram aos cumprimentos que se estenderam às respectivas famílias. E eu disse para mim; - podes estar sentada e descansada, mas desde já te digo, que não me vais estragar o almoço. E assim foi. Saboreei, paguei, sai e a vida continuou e confirmei que aquela gente sabe ao que e para onde vai e portanto, eu não me tinha enganado.
Regressei aos costumes e ao batente e nunca me esqueci deste encontro, e se aqui lhe dou nota, é porque é boa altura para voltar à história.
Partilhei-a naturalmente com amigos, e a um conhecido socialista, contei-lhe o encontro que logo me atirou em cheio. -a senhora mudou, dizes tu. Pois só não mudam os burros. Fiquei-me com o sopapo, com o ar de burro, mas sem nunca esquecer, como se diz na minha terra, que há mais marés do que marinheiros. Nem de propósito, porque a fazer fé no adágio, e ainda, porque o baú do socialismo é grande, está chegando o tempo de lhe deitar a mão e servir o troco a frio.
Há uns tempos atrás, foi-nos dito que o Partido Socialista teria cerca de 60 mil militantes. Admitamos. Para o caso desta história, tanto faz.
Entretanto, ficamos a saber, e eu não estou a inventar nada, que a comissão distrital do partido socialista do Porto prepara a expulsão de cerca de 100 militantes. E porquê? Porque nestas coisas não se pode estar com um pé dentro e outro fora e a verdade é que alguns importantes socialistas do norte fizeram um manguito ao partido e mais do que isso. À volta de Narciso Miranda em Matosinhos e Maria José Azevedo em Valongo, estiveram movimentos de gente danada que se mobilizou, tremendamente, com um destino, escavacar o partido que ontem serviram e os serviu. A seu tempo, e porque os partidos tem de ter algum músculo, entendo eu, o partido socialista quer colocar as coisas no devido lugar, como é justo e normal e coloca como indispensável, para quem ainda não largou o cartão, a respectiva expulsão.
Não desesperando, confiando que nunca se perde pela demora, e lembrando-me do remoque e da lógica das dissenções defendidas pelo meu distinto conhecido socialista, está na altura de eu lhe dizer o seguinte.
Quem de 60.000 tirar 100 inteligentes, ficará, se a matemática não falha, com 59.900 burros.
É certo que tardou, mas estas coisas não podem cair em saco roto, ainda que me custe. Ao meu conhecido, quero ainda dizer-lhe que está na hora de ter estofo, porque eu também o tenho tido.


sábado, 24 de outubro de 2009

SARAMAGO E A BÍBLIA

Nelson Fernandes


A controvérsia de Saramago com a “Bíblia”, as “religiões” ou o que quer que seja, a propósito de Caim o seu mais recente livro, motivou intervenções diversas, umas interessantes outras nem tanto.
Por mim leitor compulsivo da bíblia, vício que ficou da educação religiosa que recebi, chamar-lhe “manual de maus costumes” é, não uma leitura literal como diz o padre Carreira das Neves, mas sim uma leitura “parcial” no sentido de só encontrar aquilo que se deseja. Mas confesso que o episódio da relação de Deus com Caim e Abel marcou-me, porque tal como em Saramago deixou-me uma marca de descriminação e de injustiça, que se resolve através da queixada de burro. No drama sente-se que a injustiça transformou Caim em assassino. Sente-se a inocência de Abel e a sua transformação em objecto de vingança. Sente-se a ansiedade de Deus ao perguntar “onde está o teu irmão Abel?” E sente-se o arrependimento, e até alguma amarga e velada censura a Deus na resposta “por acaso serei eu o guarda de meu irmão Abel?” Vou ler Caim.
Da Bíblia a Igreja Católica Apostólica Romana seleccionou os conteúdos (entre muitos outros), determinou as interpretações dos conteúdos e conforme as conveniências adaptou-os aos tempos, em resumo fez da Bíblia a História Sagrada, isto é, Deus é simultaneamente o Personagem por excelência mas também o Historiador. Ora a Bíblia é um conjunto de livros escritos em épocas diversas portanto muito heterogéneos na forma e no conteúdo expressando naturalmente as contingências de cada época. É um conjunto de livros escritos por homens e que reflectem naqueles escritos tudo o que é humano. É pois natural encontrar na Bíblia do mais miserável ao mais sublime; “nada do que é humano me é estranho” como dizia Marx nas “Cartas a Kugelman”.
Saramago está a ajustar contas com Deus. Se partirmos do princípio que o homem é criação de Deus este também ajustará contas com Saramago e ficarão “quites”. Mas se partirmos do princípio que Deus é uma criação dos homens Saramago está a esgrimir contra moinhos de vento. E não é que essa esgrima nos tem dado páginas admiráveis?

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

“aldeia olímpica”: 2 anos

Há um ano referenciei o primeiro aniversário com fotografia. A aldeia olímpica de Pequim’08, fotografada pelo colaborador deste blogue, Augusto Alberto, treinador da selecção paraolímpica de Remo.
Este ano, o segundo, a comemoração é com poesia.
E assim, homenageando a minha absoluta condição de lusófono e a minha divertida e convicta condição de francófilo, aqui vos deixo dois poemas: um, da poetisa portuguesa de expressão alentejana, Ana Tapadas, e outro da francesa Claude Delecluse, este superiormente musicado e interpretado pelo grande Jean Ferrat, que gentilmente acedeu a cantá-lo aqui na aldeia, logo a seguir à leitura dos poemas.
Com as devidas desculpas à Ana pela “expressionista” brincadeira, aqui fica um grande abraço a todos os visitantes do blogue.
Agora, silêncio.



Dois

Era no tempo
Em que brincava com as palavras
Sonhando cada momento...
Era um tempo perdido
De infâncias passadas
Que, às vezes, renovadas
No obscuro encantamento,
Eram nas manhãs cristalinas,
Enevoadas pelo pensamento
Que fugia...
Rebelde e indomável.
Era um tempo amável,
Frágil...
De loucos sonhos, negros e poucos!
Era a inconstância
De ser...
Era no tempo em que as palavras
Tinham atracções magnéticas e doces!
Desesperadas...
Em abismos frenéticos e húmidos.
Era um tempo por viver
E o arfar de dias desertos,
De cálidas mãos amigas
Que vieram depois...
Suaves, serenas, certas!
Dois.


Ana Tapadas







Deux enfants au soleil

La mer sans arrêt
Roulait ses galets
Les cheveux défaits
Ils se regardaient
Dans l'odeur des pins
Du sable et du thym
Qui baignait la plage
Ils se regardaient
Tous deux sans parler
Comme s'ils buvaient l'eau de leurs visages
Et c'était comme si tout recommençait
La même innocence les faisait trembler
Devant le merveilleux
Le miraculeux
Voyage de l'amour

Dehors ils ont passé la nuit
L'un contre l'autre ils ont dormi
La mer longtemps les a bercés
Et quand ils se sont éveillés
C'était comme s'ils venaient au monde
Dans le premier matin du monde

La mer sans arrêt
Roulait ses galets
Quand ils ont couru
Dans l'eau les pieds nus
À l'ombre des pins
Se sont pris la main
Et sans se défendre
Sont tombés dans l'eau
Comme deux oiseaux
Sous le baiser chaud de leurs bouches tendres
Et c'était comme si tout recommençait
La vie, l'espérance et la liberté
Avec le merveilleux
Le miraculeux
Voyage de l'amour

Claude Delecluse








quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O regresso das OPV's



É por intermédio do artista Fernando Campos que o capitalismo continua a mostrar a sua pujança, desta vez através de um Oferta Pública de Venda.
Mas o artista não tem os critérios pouco escrupulosos dos verdadeiros capitalistas ou seus servidores. Diz que até faz um preço muito em conta.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Reavivar a memória



Os economistas (seja lá o que isso for, mas leva-me a crer que é mais alcunha) do regime ou são completamente incultos, ou têm mesmo a memória muito curta ou, então, não se importam de fazer triste figura para agradar aos mandantes e seus donos.
Não que eu tenha algo a ver com isso.
Mas é à força de tanto mentirem que chegam às brilhantes conclusões, estudos, previsões, eu sei lá mais o quê. E que dá no estado em que o pais está. Porque pensado e governado por medíocres, que vão inventando uma realidade à medida.
Um exemplo dessa realidade inventada.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

“Cães Danados” em Carcavelos



A banda figueirense de punk-rock “Cães Danados”, que já actuou aqui na “aldeia”, é uma das 16 bandas apuradas para o concurso “Angel Eléctrico”. É no Angels Bar, na praia de Carcavelos e os figueirenses têm encontro marcado com o público, e com o júri, já agora, no próximo dia 24.
Com estas caras de róte bailéres, como podem ber na imagem acima, eu se pertencesse ao júri garanto-bos que pensaba duas bezes. Ai pensaba, pensaba.

Os "Cães" têm a particularidade de cantarem só em português e, como imagem de marca, a presença em palco, nos seus concertos, de uma bandeira portuguesa.

O Nobel

Augusto Alberto

Anda para ai gente incomodada com o rumo da pátria, ainda que por agora, com um novo governo, nova assembleia e novos governos locais, se faça uma leve pausa, com muitos em mole atitude, numa espécie de ver o que isto vai dar. Contudo, muita dessa gente, mais o povo eleitor, com a pena e a verve, e os feitos, lá vai burilando a nação, ainda que por cobardia, se venham colocando, alguns, no papel de vil independentes, porque querem dar a ideia de que isto não é nada com eles e por isso, não assumem que se a pátria está hoje assim, foi porque este foi o rumo que impuseram.
Lamento muito que esses lamechas da opinião publicada não tenham discorrido que poderiam ter inchado esse seu génio, se conseguissem adiantar a candidatura a prémio Nobel da paz, o seu Presidente, nosso Presidente. Um homem erecto, embora com pouco jeito para mascar, mas isso não será defeito, talvez uma idiossincrasia de economista, que nos tem obrigado a passar as passas do Algarve. À parte umas cacetadas há uns anos atrás, nuns rapazes que resolveram interromper a ponte mais importante da República, e por achar ainda que nos devemos vergar ao pensamento único, este nosso Presidente, na verdade, não conduziu nem conduz nenhuma guerra, embora aceite enviar uma pequena soma de soldados para guerras distantes. Mas isso são trocos, dada a amplitude da refrega. Também não ordenou por exemplo, como o seu recente homologo presidente Nobel, o reequipamento da magnânima e garbosa 4ª esquadra americana, historicamente rotinada em arrear Presidentes democraticamente eleitos, e trocá-los por bandalhos ferrados de cacetes, com vista a voltar de novo a dar umas porradas nos vizinhos de baixo, com manias de independência e a almejarem a uma vida melhor. Distraído, esse homólogo presidente Nobel, ao que parece, esqueceu-se de administrar o seu poder, mais do que tudo, no momento de saber da decisão da atribuição do Nobel, para mandar repor a normalidade democrática no pequeno quintal, abaixo, nas Honduras. E desta vez, a 4ª esquadra, apesar de estar ainda na doca seca, entre raspagens e pinturas, esse recente homólogo Nobel Presidente, fez accionar no quintal, os esbirros de plantão.
Ainda por cima, esse homólogo presidente Nobel, a fazer fé nas notícias, com generosa vontade de dar ao seu povo um sistema de saúde universal, dado que lhe pareceu mal que os enjeitados sucumbissem junto ao pegão da ponte, tremelica, ao que se diz, já hoje, perante os lobos da saúde, que arrebanharam gente que por lá, também, ao que parece, elege os seus “Isaltinos”. É verdade que nós por cá, vamos tendo esse serviço nacional de saúde, mas convêm avivar e dizer, que também este nosso Presidente, enviou uma tropa, mas esta, democraticamente eleita, para o escavar. Mas por azar, a coisa ainda vai verde.
Soberbo e honroso será, sem dúvida, um povo com vários presidentes nobilitados. Triste será um Povo cujo Presidente está quase sem uma frota para repor, talvez um ou dois submarinos, para substituir um “barracuda”, estafado, sem bojo e fôlego para grandes profundidades. Ainda que nessa algarviada dos submarinos, haja um seu amigo que guardou ou perdeu os papéis. Que sabemos nós? Mas também é verdade, para que deverá um dos “Isaltinos” dar nota dos ditos papéis, se a regra por cá é de papéis nada sabermos, apesar de, em regra, muitos de nós, andarmos quase sempre aos ditos?
Quer isto dizer, que afinal um Nobel da paz, poderá também ser encostado por força de “Isaltinos”, para além de que, sem darmos por isso, na ponta das suas decisões, poderão estar sempre umas porradas.
Para Nobel da paz, não está nada mal, não senhor.

domingo, 18 de outubro de 2009

A Coimbra



minha cidade eterna e resumida,
como um sonho embrulhado
em névoa branca… e adormecida.
por outro sonho que a saudade quis
é que eu não sei agora
o que este engano diz.


a mão do “Só” me trouxe rio acima,
para beijar teu corpo imerso em sono…
e pura, debruçada sobre ti,
o mais que eu vi,
foi sempre este abandono…


e ainda é a mesma torre, sim…
e o casario.
e o jardim.
e a ternura infinda
da mesma capa ainda
ao vento solta!...


és tu, eterna em ti.
antero é que não volta.


agora,
na pedra nua deste longo dia
já ninguém chora…
e a dor que endoideceu,
é só quem anda pela noite fria,
à procura do sonho que morreu…


Alda Lara

Um aliado insuspeito

Tenho defendido, aliás é uma conclusão das minhas reflexões políticas, que o “ps” é um partido de direita, reaccionário. Cheguei a esta conclusão a partir da análise das suas governações, do seu “modus operandi”, do estado em que está o país. Acho que nem é preciso ser muito entendido em política, muito menos ser politólogo, para isso se concluir.
Mas muita gente não concorda comigo, sobretudo os “xuxas”, os que com quem não consigo evitar de conversar e com quem o tema da política, desagradavelmente para mim, vem à baila.
Noto que eles gostam de se considerar de Esquerda, é quase um ponto de honra para eles, mas deve ser só para dar a entender que são diferentes do resto da Direita, sobretudo do PSD. Mesmo ontem, nos telejornais, ouvimos que há famílias inteiras sem-abrigo, enquanto as fortunas de meia dúzia de ociosos nababos aumentam… aumentam…aumentam.
Mas quando alguém diz, alto e bom som, e alguém que não é um qualquer, que o governo “ps” se deve entender com o CDS, ou chegar a um entendimento para o PSD “deixar passar”, penso que está tudo dito. E acaba de me dar razão.
Esse alguém é o patrão-mor da indústria portuguesa. Patrão-mor da seita que vai impor ministros e a política vigente. Que é como quem diz, já não há poder político, pois está subordinado ao poder económico.
O Senhor Francisco Van Zeller – sem vergonha na cara.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Os “Isaltinos“

Augusto Alberto

Um Povo que elege um Isaltino, é porque está habituado a eleger “Isaltinos”. Sempre mereceu, merece e por isso merecerá a canga por um tostão.
Um povo que é terno, resistente, pachorrento, incapaz de dar uns coices, que vota em gente que hoje é capaz de dizer o contrário do que disse ontem, e que está sempre disponível para democratizar esse tipo de trafulhas, certamente não deverá tirar o rabo do mocho, porque se a pátria está hoje assim, é de sua inteira responsabilidade.
Se dúvida houvesse, e agora dou a resposta a quem aqui veio berrar contra um texto meu, é ver como o povo deste meu concelho, a Figueira da Foz, elegeu um homem que fez de um embuste uma promessa. A desonra corou-o e por ventura fê-lo voltar atrás e arrear o cartaz em 24 horas. Um Povo que assim elege gente sempre disposta a recorrer à mentira para atingir os fins, só poderá reduzir os adjectivos que o qualificam.

Mas para além de Isaltinos, de embusteiros, também elege gente envinagrada e ressaibiada. É o caso do novo presidente da Câmara de Beja, que logo soube da vitória, disse que a Beja tinha chegado a democracia e a liberdade. Beja soltou-se da ditadura, disse. A esse presidente eleito eu deixo um conselho, que cure a bebedeira envinagrada e a seguir, poderá fazer o favor de olhar a pátria para lá de Beja, porque verá que se calhar a vida, às vezes, é como uma capicua.
Poucas horas após o dislate, ficamos a saber, que afinal, em muitos lugares desta terna pátria, as coisas azedaram entre ex-candidatos do Partido Socialista e do PPD/PSD. Trocas de punhos e gente a dar entrada nas urgências hospitalares e a sair com nódoas e pensos, que não deixam escapar e encobrir as evidências. Mas se uns socos são só uns socos, a povoação de Ermelo ficou como grande emblema da democracia. Soubemos logo, ainda antes do actual presidente da câmara de Beja ter sido eleito, que um seu camarada, sem truques e sem recuo, fez como se faz em ajuste de contas étnicos lá pelas Áfricas ou do melhor terrorismo da América Latina, fulminou a pólvora democrática e libertária, um seu adversário. Eram coisas antigas, é o que se diz, mas a verdade é que pela orla da manhã, ai está o democrático ajuste. No concelho de Tarouca, mostrou-nos a TV e os jornais, o presidente, camarada do presidente da Câmara de Beja, está a ferrar funcionários autárquicos, familiares de gente que livre e democraticamente decidiu apoiar o partido rival, o PPD/PSD, com sevícias morais e psíquicas.
Se o actual presidente da Câmara Municipal de Beja perceber então que a pátria está para lá de Beja, verá que afinal mais valia guardar o dislate, porque afinal, em terra com falta de liberdade, o senhor foi livre e democraticamente eleito e com efeito, tomará posse do lugar sem outro tipo de contratempos, contudo, outros seus camaradas, meteram as liberdades e os valores da democracia na ponta dos punhos, das decisões, arbitrárias e até, mais grave, na ponta de uma pistola.
José Gomes Ferreira, o poeta militante, escreveu um dia, que “viver sempre também cansa”. Mas eu digo ainda mais. Viver sempre assim, a ter de aturar este anticomunismo fácil e certeiro, cansa muito mais.
Sorte desta gente, é que afinal, os comunistas, são gente paciente, e democrática.

Vai uma aposta?


foto: António Marques

Nas eleições para Freguesia de S. Julião da Figueira da Foz, as duas forças mais votadas ficaram separadas por 27 votos. Sou há vários anos e há várias eleições membro das mesas de voto para considerar a possibilidade de, numa hipotética recontagem, haver uma alteração.
Mas não aposto. O pessoal das mesas, às tantas, esteve mais atento, suportando melhor a saturação e o cansaço.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Adeus, Anabela

foto daqui

Conheci a Anabela quando fazia a cobertura das reuniões do executivo camarário para o jornal "A linha do Oeste”, já lá vão cerca de 15 anos. De há uns anos a esta parte via-a esporadicamente, pois com o abandono do jornalismo, amador, no meu caso, as minhas andanças passaram a ser outras. A última vez que estive com ela foi no almoço do Ginásio.
Recordo, da Anabela Vaz, o profissionalismo. Mas também a solidariedade. Quando eu chegava tarde às reuniões era a ela que eu pedia para me contar o que já se tinha passado ou discutido. Sabia que podia sempre contar com ela. Nunca falhava.
Acabo de saber, através do blogue do Jorge Lemos, que não mais a encontrarei. Que não me tornará a perguntar se está tudo bem comigo.
Adeus, Anabela. Um beijo.

Eles andam bravos...

Depois da tragédia de Domingo passado, mais este evento...
Há que ter cuidado.

Carta aberta ao meu Presidente de Câmara em quem nunca votei

Augusto Alberto

É consigo, Presidente, que vai em breve cessar, com quem quero partilhar curtas e breves ideias. Não me leve a mal.
A 11 de Outubro deste ano da nossa desgraça, não conseguiu o desejo de renovar o mandato, como tanto desejaria. Não lhe chegou a simpatia, que sempre sobra. Dirá que foi uma pena e que a vida é assim. Eu, cidadão deste seu concelho, concordo em absoluto. Contudo, também acho que para dentro de si, estará a dizer, ingratos, aliás, como deixou perceber na hora da despedida. Porque entende ter lançado a Figueira nos caminhos do progresso. Contudo, os cidadãos cruzaram-lhe os braços. Ainda que eu ache que por ai terá alguma razão. Esqueceram as obras fundamentais da ponte da Gala e o portinho que lhe foi associado. A variante do Galo de Ouro, de quem um sobrinho meu, de fora, elogiou. E a pesada obra do prolongamento do molhe norte. Mas aqui fixo-me por um momento, porque imagino que os surfistas lhe devem ter feito um toma, porque com o respectivo prolongamento, ficaram mais malucos, por entenderem que foi o senhor quem lhes roubou a “maluca”. Ignaros, dirá. Também acho que os eleitores consideraram os seus arquitectos meio tolos, porque, infelizmente para a cidade, aquelas obras da rua da República e fundamentalmente a do Jardim Municipal, não são coisas que se apresentem. Aquela de trocar o coreto por uma tela, não lembra ao diabo, mesmo que se armasse em arquitecto. Quem pagou? Foi o senhor, claro está.
Mas neste instante apelo para que reflicta ainda sobre o seguinte:
Os cidadãos não devem ter apreciado o modo como lidou com os seus pares e com a forma destrambelhada do partido que o suportou.
Interrogaram-se demasiadas vezes, creio, sobre que partido é este que suporta o seu Presidente, que se destrambelhou vezes sem conta, em cenas de azares e de faca e alguidar, como se de quadros de Kafka ou Corin Tellado se tratassem. Tábuas e barrotes pregados a grossos pregos, a barrar a entrada a quem quisesse entrar na sede. Fechaduras arrombadas e mudadas, e encontros das estruturas dirigentes realizados num hotel ao lado. Gente com voz levantada, em cenas de amores e desamores, com o tapete a ser-lhe retirado por demasiadas vezes, sem que o senhor dissesse, assim não, que eu sou o Presidente. Aquela da perda dos seus pelouros por decisão dos seus vereadores, é de cabo de esquadra, a que o mais pacífico cidadão não resistiu. E ainda alguns dos seus pares encalacrados com a justiça, na razão directa de péssimas decisões e um deles, a desaparecer para sempre na parda da vossa gestão. Mereceria um murro, como bem desabafou, mas estas coisas não se podem ficar pelos desabafos.
Evidentemente, por culpa sua, e por alguns dos azougados que constituíram a sua equipa, foi um mandato em declive, rumo à queda, a ponto de a seguir a relações azedas, chegar a traição. Só podia terminar assim. É uma pena.
Nunca votei em si, mas recordo-o rolando dentro do seu descapotável pela avenida que bordeja o lugar onde vivo, os Vais, com o seu lenço drapejando ao vento. Mas com toda a sinceridade, dir-lhe-ei, não se aflija. Chegou a sua hora do descanso. Porventura os cidadãos não se arrependerão de não ter votado em si, mas desde já lhe garanto que esse arrependimento não será o último. Chegará o dia em que se arrependerão de votar num tal juiz. Sabe, os cidadãos têm o bom hábito de se enganarem muitas vezes. Será só mais uma. Cá estaremos para ver, vai ver.
Um abraço, deste cidadão que nunca em si votou, mas lhe gaba com frequência a simpatia.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

As autárquicas/2009 (croniqueta pós-eleitoral, em jeito de rescaldo)

A direita foi a grande vencedora das Autárquicas 2009.
O PSD conquistou o maior número de Câmaras e o “ps” obteve maior número de votos.
A Esquerda foi a grande derrotada. A CDU perdeu, globalmente, 4 câmaras, (de 32 passou a 28), e o BE ficou reduzido à sua própria insignificância. Depois das performances conseguidas nas europeias e nas legislativas, não consegue definir um eleitorado próprio, e assim, os eleitores que lhe ofereceram os bons resultados anteriores regressaram à base, ou seja, ao “ps” e ao PSD.
Uma das ilações lógicas a tirar é a de que os “socialistas” continuam a ser a força de direita mais consequente, já que, para além da troca de câmaras entre os partidos de direita, são os socialistas que conseguem “roubar” autarquias à CDU.
Aqui na Figueira nada de novo. Mudou a câmara do PSD para o ”ps”, o vencedor, o que não é novidade nenhuma, nem tão pouco trará novidade, pois como é sabido os “socialistas” já lá estiveram 20 anos seguidos, e, portanto, já são velhos conhecidos. De novo mesmo foi o fim das maiorias absolutas que já durava no concelho desde 1989 e a entrada de dois vereadores de uma lista supostamente independente, mas muito ligada a um dos ramos dos interesses imobiliários (o outro apostou na lista vencedora).
Houve também vencedores e perdedores individuais.
Vamos aos vencedores: José Elísio, ex-vereador da maioria cessante arrasou em Lavos ao arrebatar a Assembleia de Freguesia com uma lista independente chamada “Ou vai ou racha”. Foi e rachou. Carlos Simão, actual presidente da freguesia de S. Pedro com o apoio do “ps” e do PSD em 2005, e que desta vez perdeu o apoio dos “socialistas”. Conseguiu manter a maioria absoluta com 5 lugares contra 4 do “ps”, tendo a CDU perdido o lugar que ocupava.
Entre outros vencedores pode-se também destacar o porco no espeto, as minis e as febras, sem esquecer o conhecido empresário Aprigio Santos, este sim, talvez o verdadeiro vencedor no sentido estrito (em encaixes futuros). O popular Quim Barreiros também foi, ele próprio, um vencedor, quanto mais não seja pelo cachet que cá veio facturar.
E, agora, os perdedores: além de mim próprio, a CDU, que perdeu um mandato na Assembleia Municipal e não conseguiu eleger um vereador e Duarte Silva que, além de perder as eleições teve mesmo assim que pagar o cachet ao Quim Barreiros.
O meu amigo António Agostinho e o candidato do “ps” a S. Pedro, António Samuel. Sobretudo porque Agostinho que edita o blogue mais visitado da Figueira, apontou as baterias contra Carlos Simão a favor dos “socialistas”. Saiu-lhe o tiro pela culatra, e acertou-lhe num pé.
Dos figueirenses é que não sei dizer se foram vencedores ou perdedores. Porque foram eles soberanos na escolha de quem querem para os governar. Se por um lado vão continuar a pagar a água potável mais cara do país, por outro lado continuarão a ver os seus lixos serem recolhidos pelo patrão do melhor jogador de bola do mundo, esse farol da lusitanidade.
E pronto, se houve mais vencedores e perdedores que, por lapso, me tenham escapado aqui deixo as minhas desculpas aos esquecidos.

sábado, 10 de outubro de 2009

Um bélico Nobel da Paz


O próprio Obama considerou “irónico” ser distinguido com o Nobel da Paz no dia em que se reúne com o conselheiro de guerra para avaliar a necessidade de reforçar a presença militar no Afeganistão.
Não é a primeira vez que a atribuição deste prémio nos deixa atónitos, o que contribui para o seu próprio descrédito.
Além do aumento da beligerância naquele país, há ainda a considerar, na ainda curta administração de Obama, a continuação da ocupação do Iraque, a manutenção do embargo e bloqueio a Cuba, o reforço do apoio ao narco-terrorista colombiano Uribe bem como o fechar de olhos para o que se passa nas Honduras.
De admirar mesmo será o prémio nunca ter sido atribuído a George W. Bush. Mas, por este andar, ainda o veremos ser atribuído, a título póstumo, ao "tio" Adolfo.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Que rumo? Porque vai o mar um cão

Augusto Alberto

A blogosfera por vezes é inconveniente, porque nos traz coisas que deixam os mais puristas escamados. Mas façam como eu, sorriam, após tomar nota do cartaz que a JS plantou pela cidade, acusando o actual presidente da Câmara e o candidato da lista independente, Eng.º Daniel Santos, pelos atrasos dos últimos 8 anos. Pois sim, é preciso dizer aos jotinhas, com um sorriso e a seguir perdoar-lhes, porque são inocentes, que mantenham o cartaz até à próxima campanha eleitoral, dentro de 4 anos, com uma condição, prolonguem o espaço à direita porque ou muito me engano, dará jeito para lá plantar a fotografia do juiz Ataíde e a mãozinha partida do P.S, caso sejam poder de novo nesta minha cidade. Assim, sem mais, eu explico.
Li o desdobrável “Figueira com rumo” e cocei-me. Porquê? Porque voltam ao parque desportivo de Buarcos, que ninguém, após mais de uma década, consegue desenrascar. Continua morto. Rever o PDM e o PU, outra vez. Cuidemo-nos, porque estas revisões custam caros às cidades e aos cidadãos e tem por hábito deixar os mais atentos com os cabelos em pé. Mas o mais espantoso, foi um cartaz que durou 24 horas, e que me fez esfregar os olhos quase até à dor.
Compromisso com a cidade. Construir a via que ligará Buarcos a Quiaios. Uma boutade, disse eu. E em cheio, porque em 24 horas o cartaz foi retirado. Receio que a ousadia tenha custado um telefonema da Cimpor a perguntar; -que é lá isso de querer passar com uma via pública por terrenos privados? Evidentemente que o cartaz fez marcha à ré e eu desde já vos digo, só por estas 24 horas festivas e de embuste, lamento dizer, mas este juiz Ataíde nem um voto merece.
Compromissos a seguir, uma aldeia do mar e um passeio verde. Pela amostra dos cartazes, creio que seja a vaga recuperação de ideias retiradas do baú onde os socialistas esconderam o socialismo e que resultam de um estudo realizado por uma empresa que por cá assentou arraiais há muitos anos, com forte relação com uma colectividade local, de que o Presidente da Câmara, à época, era o Presidente da Assembleia Geral e em boa verdade, o seu tutor, e que a única coisa que fez, foi estudar a cidade, disseram, e ensacar o dinheiro devido e levantar amarras. Ficaram os papéis e por isso, eu acho que para além do referido cartaz ter de acrescentar espaço, desde já deverá incluir, também, não a fotografia do último presidente socialista, Aguiar de Carvalho, que contratou o referido estudo à GITAP, mas a mãozinha partida do PS, porque o rosário de coisas feias e também de atrasos, não foram obra de um único homem, mas de todo um partido, que durante boa parte de quase 2 décadas, governou sem amor. Há na actual lista do Partido Socialista gente que sabe bem do que falo.
Aliás, o Partido Socialista nesta matéria, continua em falta e isso só lhe reforça o ziguezague, porque para além do conjunto dos compromissos de que hoje fala, deveria incluir velhas ideias, como a tola da piscina oceânica, a não ser que esta esteja incluída na tal via verde e o atoleimado túnel subterrâneo para a outra margem, que deveria merecer desde já um outro outdoor, a condizer, plantado no local exacto da embocadura.
Para acabar, e a fazer fé, e eu faço, no texto aqui publicado neste “aldeia Olímpica”, pelo Nelson Fernandes, que nos remete para a necessidade do saneamento da câmara, perguntemos, onde vai esta gente buscar o dinheiro para tão vistosas obras? Dir-me-ão, que a fundos de modo vário. Pois é, mas isso não são coisas para um só mandato.
Só posso terminar, dizendo como as matriarcas cá da terra: - ah chopa, vai o mar um cão.
Adenda: sem mais comentários, mas se clicarem têm direito a Cambalache. Façam o favor, por aqui.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Insólito... ou talvez não!!!!!!!

Hoje de manhã os actuais vereadores, deputados municipais e candidatos da CDU às próximas eleições autárquicas foram impedidos de entrar em algumas instalações da Câmara Municipal de Évora. A visita foi comunicada em tempo útil ao ainda Presidente da Câmara.
Em 34 anos de democracia, em todas as eleições autárquicas, as visitas de candidatos aos serviços municipais foram autorizadas com todos os executivos.
A CDU garante que os seus eleitos irão autorizar, nas próximas eleições autárquicas e à semelhança do que sempre fizeram, todas as candidaturas a visitar os serviços municipais.
Repare-se que isto acontece quando há rumores, notícias, perspectivas, possibilidades, da CDU vencer as eleições autárquicas naquele concelho.
Sem mais comentários.

Autárquicas na Figueira da Foz: um breve historial (IX)

2005
O eleitorado continuou a deturpar aquela máxima que diz “em equipa que ganha não se mexe”. Insistiu em não mexer em equipa que perde. Vai daí, os nove elementos da vereação continuaram a ser do “centrão”. Só com uma pequena e insignificante “nuance”: em vez das duas anteriores em que o PSD obteve 6 mandatos, desta vez foram só 5 contra quatro do “ps”. O que, na realidade, não mudou coisíssima nenhuma.
A novidade foi o aparecimento do conhecido fenómeno mediático, o BE, que, desconhecido na cidade e no concelho, conseguiu obter perto de 1000 votos (!!!).
Não admira muito numas eleições em que a única força a aumentar o número de votos e de eleitos foi a CDU. O PSD, o “ps” e o CDS perderam votos em relação a 2001.

Os resultados:
PSD, 15.428 votos, 47,93%, 5 mandatos
PS, 10.666 votos, 33,14%, 4 mandatos
CDU, 2.623 votos, 8,15%,
BE, 980 votos, 3,04%
CDS, 542 votos, 1,68%
Votos brancos, 1.339, 4,16%
Votos nulos, 610, 1,90%
Votantes: 32.188, 57,52%
Abstenção: 23.775, 42,48%
Inscritos: 55.963

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Nem só a verdade é como o azeite...

Também a falta de carácter o é. É que, queiremos ou não, também vem sempre ao de cima.
Tenha a bondade, por aqui...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Uma mãe “à rasca”

Augusto Alberto

Eram 8 horas e 15 minutos de uma manhã soberba de fim de Setembro, e eu estava no meu pátio, com os braços sobre o portão, quando vejo chegar um automóvel e de modo decidido, vejo sair uma senhora, jovem, que se me dirigiu, pedindo desculpa pela ousadia, mas queria-me pedir um favor. Confesso que fiquei perplexo, e um pouco assustado, pelo modo meio desabrido como aquela mulher se me dirigiu logo pela manhã. Consenti e ouvia-a com calma.
Pediu-me que consentisse em receber o seu filho, um menino com 8 anos, durante um curto período, um pouco mais de meia hora, entre as 8h e 15 e cerca das 9 horas, porque sendo ela professora numa outra escola da cidade, e tendo de entregar o seu filho a horas na escola, que fica à minha frente, só colocando-o muito antes da abertura, para voltar de novo e chegar a horas à escola onde lecciona. Pediu-me muita desculpa pela ousadia, mas estava preocupadíssima com a escassez de tempo.
Confesso que num primeiro tempo fiquei surpreendido, mas percebi o seu desespero e por isso acedi ao pedido.
Entretanto, para perceber o quadro, soube que o marido profissionalmente está colocado longe da família, não favorecendo o equilíbrio e não sendo solução.
A primeira observação, é a de que como é possível uma mãe entregar o seu filho a gente que nunca viu? A segunda, é a do estado de aperto em que esta família se encontra. A terceira, é de como as famílias são instrumento e pouco valem, apesar das intenções de amor. E a última, é a de que não quero saber se a senhora foi uma das 150 mil pessoas que a Lisboa se deslocaram, se foi um dos novos eleitores do Bloco de Esquerda ou se se mantêm fiel, digo eu, ao PS ou ao PPD/PSD. O que sei é que aquela mulher estava desesperada, uma mãe à rasca, e procurou uma solução de olhos fechados. De mim, espero ser boa solução, como sempre fui, em muitas outras situações.
Também sei que uma jovem enfermeira, logo pela manhã de segunda-feira, 28 de Setembro, um dia após a parda vitória do Partido Socialista, se dirigiu ao Sindicato dos Enfermeiros da zona centro, com um papel de despedimento. Quem a atendeu, ficou logo a saber que não era sindicalizada e para compor o ramalhete, tinha no dia anterior, votado no Partido Socialista, exactamente quem a despediu.
Teremos o direito a ficar incrédulos, mas não vale a pena, porque a realidade supera o nosso melhor entendimento.
Para o caso não interessam os nomes, o importante é saber que a flexibilidade, a mobilidade, que estão contidos no execrável Código do Trabalho, aprovado em Portugal pelo Partido Socialista e os restantes seráficos, encartados de democratas, os recibos verdes e o trabalho precário e sem direitos, são hoje um recuo civilizacional e por isso, contrariam as piedosas prédicas a favor do emprego, da família, do aumento da taxa de natalidade e da estabilidade emocional. Foi aquilo que nos deixaram estas duas histórias, de uma enfermeira com canudo mas sem emprego e que só agora porventura começará a perceber o mundo em que gira, porque lhe caiu em cima, e uma mãe, professora e à rasca.
E este texto é um pouco a resposta a quem, numa conversa informal, me disse que achou um pouco cruel o meu último texto, publicado aqui, neste “aldeia olímpica”. Pois eu digo-lhe, agora, caro amigo, não é o texto que é cruel, são os factos.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O verdadeiro cronista

Colaborador nos extintos semanários “Barca nova” e "A linha do Oeste”, poderá parecer estranho, aos mais distraídos, que Augusto Alberto nunca tenha sido convidado para escrever na actual imprensa local. Não será difícil compreender porquê.
Com um estilo muito próprio, evitando o famigerado “politicamente correcto”, e fiel às suas inabaláveis convicções, Augusto Alberto respeita as normas desse género jornalístico respeitando de igual modo a sua própria consciência, sem cedências ou preocupações de agradar a outros.
Vem este relambório para chamar a atenção para a crónica que publicaremos amanhã, uma excelente “reportagem”, no feitio de crónica, ao estilo habitual de Augusto Alberto.

Autárquicas na Figueira da Foz: um breve historial (VIII)

2001
As primeiras do Século XXI, realizadas a 16 de Dezembro. Sem grandes novidades, o que quer dizer que continuou tudo na mesma. O PSD, agora sem Santana Lopes, obteve o mesmo resultado de 4 anos antes, novamente à “glorioso”, ou seja, conseguiu manter os seis vereadores contra os 3 do “ps”, apesar de ter perdido cerca de 5 mil votos.
A abstenção subiu de 34 para perto de 41%, numas eleições em que a CDU recuperou parte do seu eleitorado que houvera fugido para a arrasadora candidatura “alfacinha” em 1997. O vice-presidente de Santana Lopes, engenheiro Daniel dos Santos, que concorre este ano numa lista independente, foi o cabeça de lista à Assembleia Municipal, tendo cumprido o mandato como presidente daquele órgão.
E foram as primeiras eleições em que a “considerada” extrema-esquerda não concorreu. A outra novidade é que também foram as primeiras eleições em que o número de inscritos baixou (!), perto de mil eleitores.
Foi a segunda maioria absoluta do PSD após duas absolutas do “ps”. Não se pode dizer que o eleitorado não é equitativo. Monocórdico, mas equitativo.


Os resultados:
PSD, 17.021 votos, 51,68%, 6 mandatos
PS, 11.073 votos, 33,62%, 3 mandatos
CDU, 2.437 votos, 7,40%,
CDS, 1.125 votos, 3,42%
Votos brancos, 821, 2,49%
Votos nulos, 461, 1,40%
Votantes: 32.938, 59,24%
Abstenção: 22.663, 40,76%
Inscritos: 55.601

domingo, 4 de outubro de 2009

Adeus “La Negra”



Morreu, esta manhã, a cantora argentina Mercedes Sosa. Grande figura da canção popular em toda a América Latina, partilhou o palco com músicos de todo o mundo e de diferentes estilos e gerações.
Militante comunista, Mercedes viveu na Europa durante a ditadura que assolou a sua pátria entre 1976 e 1983.
Era conhecida por “La Negra” devido aos seus longos cabelos negros. Contava 74 anos.
Nem só a América Latina chora um símbolo. O corpo da artista será velado na sede do Congresso Nacional.

sábado, 3 de outubro de 2009

De democraticidades, zangas de comadres e memórias curtas (croniqueta em tempo de campanha eleitoral)

Este e este são dois factos perfeitamente normais em forças “democráticas”. Antes de tecer alguns considerandos acerca, devo dizer que exemplificam e ilustram muitíssimo bem aquela minha ironia que escandaliza alguns dos meus camaradas, quando digo que não sou “democrata”.
O primeiro caso faz-me lembrar, ainda que seja uma prática democrática usual, uma zanga de comadres, pois, como se sabe, um das importantes figuras “socialistas” da freguesia em questão era um grande apaniguado defensor do líder da LISP (Lista Independente de S. Pedro), quando comiam todos do mesmo tacho. Isto a acreditar numa famosa frase do referido quando afirmou que era capaz de se atirar a um poço com o Carlos Simão (o líder da LISP), pois este ajudá-lo-ia. Mudou de ideias, com certeza, pois concorre agora contra ele. Ou, se calhar, nem tanto.
O segundo é uma baixaria medonha tendo em conta uma vivência democrática, que responde, ela própria, por quem a comete. Trata-se de um cartaz, que não reproduzo por decoro, mas que seguindo os links o verão. É que, quando não temos ideias para apresentar, o mais fácil é denegrir, ou tentar denegrir, os adversários.
Mas também se trata de um caso clamoroso de memória curta. Os “socialistas” estiveram na Câmara mais de vinte anos seguidinhos, sem tirar fora. E em que estado está a Figueira?
Mas porque raio a culpa é sempre dos outros? Poder-se-à adivinhar que a Figueira irá ter mais do mesmo?
A palavra aos figueirenses.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Rio de Janeiro' 2016



A realização das Olimpíadas de 2016 foi, esta tarde, atribuída ao Rio de Janeiro, sendo a primeira vez que o mais importante evento desportivo mundial ocorre no continente sul-americano.
Com um orçamento de 19,8 mil milhões de euros, cobertos pelo Estado e por entidades privadas, esperam-se receitas na ordem dos 517 mil milhões.

Não se distraia

Augusto Alberto

Um velho militante comunista mostrou-se relativamente desiludido quanto aos resultados eleitorais. Contou-me que esperava mais, lá para os dois dígitos ou perto, ainda que a consolidação da base eleitoral seja sempre um bem. Lamentou o facto da grande disponibilidade dos comunistas para o combate às políticas mais tortas, lembrando a dos professores, que acabaram a votar Bloco de Esquerda e os mais de 600 mil desempregados, que lá continuam votando PS e PPD/PSD.
Sem azedume, lá lhe disse que o voto popular é soberano e não há como lhe fugir. Contudo, sempre lhe lembrei que os professores armados em corporação, nunca estiveram maduros, não estão ainda e vai demorar até que estejam, para votar comunista, para além de que mudar sem nada querer mudar, é impossível.
É claro que já não acreditam que comemos criancinhas ao pequeno-almoço, bem ficariam desempregados. Que também já deixamos de dar injecções aos velhinhos atrás da orelha, bem não gozavam a sua reforma, mas ainda está verde. Contudo, será bom que os professores comecem a por a álgebra, que bem conhecem, ao serviço do entendimento das coisas sociais, sob pena de um dia haver algum azar. Não estava a perceber onde eu queria chegar e por isso continuei.
Se os professores e toda a gente perceber que 1,3 é o quociente de 24 por 18, então o mundo vai entender que esse 1,3, é exactamente o número de suicídios mensais na France/Telecom, na directa razão da reestruturação da empresa, que exigiu sacrifícios acima daquilo que muitos dos seus funcionários poderiam suportar. Lembro que essa reestruturação é suportada por aquelas coisas que hoje nos vêem vendendo, como o elixir para a salvação da espécie, assim a modos como uma cartilha global, como a mobilidade, flexibilidade, banco de horas e afins.
É evidente, que estas coisas estão às vezes bem longe do entendimento imediato e só são entendíveis, quando dói. Se por ventura os trabalhadores da France/Telecom tivessem ouvido pessoas progressistas e muito em especial os comunistas, e no caso concreto da nobre pátria, os avisos dos comunistas portugueses, e se se tivessem feito à rua e ao voto, talvez tivessem escapado, mas acontece que dormir sobre estas coisas, durante muito tempo, pode ser fatal.
Evidentemente que para muita desta gente, incluindo os professores, os comunistas são uma espécie de tropa de choque, sempre preparada para meter os cornos de onde todos os outros cavam, quando as coisas começam a entortar. Mas não chega, como também não chega recolher cada vez mais simpatia. É preciso acolher os avisos dos comunistas. Desse modo, é bom que as pessoas comecem a perceber, que de há uns anos a esta parte, o pêndulo das relações sociais, tende a favor da parte mais forte, e por isso, temos hoje, novos servos da gleba, muitos deles vestem armani, porventura guiam automóveis de gama média ou média alta e fazem férias na Côte d’Azur, mas sem perceberem como um dia, porque não aguentam, no conforto do sofá, acabam com um tiro na cabeça, ou voam do alto da varanda para o empedrado do passeio. E os novos torcionários, feudais, são os G.E.O, executivos, com papel universitário, que se fizeram segundo o pensamento único. Viram o sebento do director principal?
Tudo isto tem data. 1989. Pois é!
Com razão barafustou Brecht contra aquela ideia, de que isso é só com os outros e por isso, de há 18 meses a esta parte, foram 24 trabalhadores da France/Telecom, amanhã quem sabe, o cangalheiro não o visite, a si, ou a um familiar. Não se distraia.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Autárquicas na Figueira da Foz: um breve historial (VII)

1997
Foi o ano de todas as esperanças. Que se revelariam infundadas. Mas mais de vinte anos de “socialismo empresarial” também farta e, vai daí, para fugir da chuva o eleitorado atirou-se, inadvertida e convictamente, ao rio. Conclusão: ficou molhado na mesma. Adivinharam: foi o ano de Santana Lopes. A Figueira da Foz revelou-se de toda a maneira um bom trampolim para a sua eleição, quatro anos mais tarde em Lisboa.
Pode-se concluir que o papel quer dos “xuxas” quer dos sociais-democratas, ou mesmo de qualquer outro sucedâneo vindo dos seus lados, está completamente esgotado. Mais de 30 anos de exemplificação dá para sabermos o que esperarmos.
A vereação continuou só com a presença do”centrão”, só que a vitória do “enfant terrible” foi muito mais categórica: à Benfica, 6-3.


Os resultados:
PSD, 22.133 votos, 59,88%, 6 mandatos
PS, 11.278 votos, 30,51%, 3 mandatos
CDU, 1.584 votos, 4,29%,
CDS, 523 votos, 1,41%
MRPP, 200 votos, 0,54%,
Votos brancos, 794, 2,15%
Votos nulos, 452, 1,22%
Votantes: 36.964, 65,44%
Abstenção: 19.520, 34,56%
Inscritos: 56.484

Dia Mundial da Música