sábado, 6 de fevereiro de 2010

“A língua portuguesa é o nosso espólio de guerra”



Não me recordo a quem pertence a declaração em título, se a Pepetela se a Luandino Vieira. Foi proferida após a independência e, passe o humor e ironia nela contidas, traduz a certeza de que os angolanos, apesar de tudo, herdaram um tesouro, enriquecido com o facto de ser ela, a língua portuguesa, um promotor de unidade nacional.
Os portugueses em África atribuíam nomes de figuras suas a localidades, mas também nomes de povos e de sub-grupos desses povos.
Alguns exemplos: no norte Maquela do Zombo ou Sanza Pombo, sendo que os zombos e os pombos são um sub-grupo dos Bakongo. Ou Andulo, Bailundo, Huambo, estes no centro-sul, sub-grupos ovimbundos.
Claro que as palavras estão adaptadas à língua portuguesa. Porto Amboím vem dos amboíns, ou Va-Mbui.
Mas isto é do conhecimento geral. O que eu não sabia, e certamente os leitores, é que a província do Bié foi buscar o nome ao sub-grupo Vhié. E porquê a troca do “ v” pelo “b”?
O poeta angolano Namibiano Ferreira explica-nos, no seu blogue, que os primeiros colonos portugueses eram oriundos do norte do país, onde a letra v vale por b. Depois da independência ter-se-á tentado restaurar o nome da província mas já não foi possível.
De qualquer maneira um bom “bife com um obo a cabalo”, regado com um bom “Ebel” do Douro, tanto sabe bem no Vhié como em Bila Real. Ou em Balongo.
(Na imagem: mulher mucubal, da região de Moçamedes)

1 comentário:

Fernando Samuel disse...

Vivendo e aprendendo...

Um abraço.