quarta-feira, 30 de junho de 2010

domingo, 27 de junho de 2010

Ghana histórico


O Ghana tornou-se na terceira selecção africana presente nos quartos-de-final do campeonato do mundo, depois de Camarões em 1990 e do Senegal em 2002.
Após terem derrotado os EUA, os ganeses, que eliminaram Angola na última edição do CAN, num jogo em que os "palancas negras" até mereceram melhor sorte, vão agora discutir com o Uruguay a passagem às meias-finais.
É a segunda presença deste país numa fase final, depois da estreia em 2006, quando foram eliminados nos oitavos.
E uma surpresa?...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Mundial: Cimeira ibérica nos oitavos


Nos oitavos de final do campeonato mundial Portugal vai defrontar os actuais campeões europeus.
É caso para dizer que saiu a fava aos “nuestros hermanos”. Já não têm o fulgor de há uns tempos atrás e não os julgo capazes de ultrapassar a interpretação italiana que os portugueses conseguem fazer do jogo. A prová-lo estão as dificuldades que os brasileiros tiveram. Ainda que tivesse sido um jogo a feijões, a “canarinha”, sem Robinho e Elano, viu-se impossibilitada de ultrapassar a defesa sólida dos portugueses. E os golos dos castelhanos partiram todos de erros crassos dos adversários, erros que a equipa das quinas não comete.
Presumo que vai acabar nos penalties. A menos que Ronaldo expluda, Eduardo e Casilhas têm a palavra. É na próxima 3ª feira às 19h 30m. Não há crise, o Eduardo sempre pode fazer uns telefonemas para o Ricardo.

Eu em boa companhia


Já tive como alcunha o “ortodoxo”. Já tenho tirado camaradas meus do sério quando digo, está bem que irónicamente, que não sou democrata. Embora afirme que o conceito de democracia além de completamente deturpado é bastante vago, confuso e perigoso. Democratas são o Bush, o Barroso, o sucateiro,o megamerceeiro, o Sócrates, o Uribe e outros que tais.
Agora um anónimo chama-me comunista assanhado.
Assumo-o, claro, com gosto. E devo estar bem acompanhado. Às tantas também Almeida Garrett foi um comunista assanhado.
Isto a propósito de um texto de Fernando Samuel no seu blogue Cravo de Abril, que transcrevo:

No ano de 2008, havia em Portugal 10 400 milionários (indivíduos com fortunas superiores a um milhão de dólares).
No ano de 2009, esse número subiu para 11 000 - mais 600, portanto, o que corresponde a um aumento de 5,5%.

Assim sendo, também o número de pobres vai aumentando: segundo a Eurostat, existem em Portugal cerca de 2,5 milhões de pobres, dos quais mais de 200 mil em situação de miséria extrema.

Posto isto, basta fazer as contas e encontraremos a resposta à pergunta formulada há mais de um século por Almeida Garrett:

«E eu pergunto aos economistas, aos políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria (...) para produzir um rico?»

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A chave da cidade e uma injustiça

Mário Soares, ícone maior da recuperação do capitalismo monopolista e doutras forças reaccionárias, vai receber hoje a chave de honra da cidade da Figueira da Foz. Segundo se lê pela "extraordinária acção em prol da Figueira da Foz". Devo ser muito distraído, mas não faço ideia nenhuma do que o senhor fez pela cidade, nem o que move a edilidade para tal.
Sabe-se o que fez pelo país. Não sei se terá sido uma atitude patriótica ter-se colocado ao lado do imperialismo americano e boicotar toda e qualquer esperança vinda com Abril.
Álvaro Cunhal, na sua obra "A verdade e a mentira na Revolução de Abril (a contra-revlução confessa-se)", escreve:
(...) Em 25 de Setembro, com Mário Soares em Washington, o New York Times noticia que o governo norte-americano decidira apoiar o PS e que os fundos americanos seriam canalizados pela CIA através de partidos e sindicatos socialistas da Europa Ocidental (citado in O Pulsar da Revolução, Cronologia da Revolução de 25 de Abril (1973/1976) de Boaventura sousa Santos, Manuela Cruzeiro e Maria Natércia Coimbra. Edições Afrontamento-Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, 1977, p.276). (...)
(...) As relações de Soares com Carlucci e a CIA constituem um factor permanente de desencadeamento, desenvolvimento e êxito final do processo contra-revolucionário. (...)
(...) A CIA estabeleceu muitos contactos e recrutou agentes e cúmplices nas forças armadas, noutras forças políticas, nos vários sectores sociais.
Diz Carlucci: "Trabalhei com os très partidos" (CDS, PSD e PS). Com Freitas do Amaral e Sá Carneiro. Mas "Mário Soares era o líder mais vigoroso". E quando afirma que lhe deu "apoio moral" e o jornalista comenta que "também se diz que houve apoio financeiro", Carlucci responde: "Julgo que não é apropriado entrarmos nessa matéria", "o apoio foi dado a todos os partidos democráticos"... (Entrevista ao Expresso, 6-8-1994).
Carlucci não considerou "apropriado entrar nessa matéria". Mas Rui Mateus entrou mesmo nela no seu já citado livro de "memórias", no qual se podem encontrar inúmeras informações, não só relativas a financiamentos recebidos pelo PS, como a relações do PS e de Soares com a CIA e com o MI6 (equivalente britânico da CIA).
Thomas Stephenson, embaixador dos EUA em Portugal, escreveu em "An american´s perspective on Portugal day":
"Durante os anos turbulentos depois da revolução de 1974 o embaixador dos EUA Frank Carlucci e o primeiro-ministro Mário Soares gastaram horas sem conta a tratar da causa da democracia e dos direitos humanos para o povo numa pequena sala, conhecida como "o ninho do corvo", situada mesmo no cimo da residência oficial do embaixador em Lisboa".
Parece-me que a edilidade figueirense está a cometer uma injustiça ao excluir Carlucci da festa.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Globalizações...


O que terão a ver três galardoados com o Prémio Nobel (Literatura, Paz e Economia, por ordem cronológica) e dois presidentes de Repúblicas muito pouco públicas?
Aparentemente nada. Ou, talvez, meras circunstâncias.
Mas o jornalista Wilson Dadá junta-os num texto. E recorda noutro, de 1999, a passagem de José Saramago por Angola.
Vale a pena ler.

Camilo e Saramago


desenhos de Fernando Campos

Passando naturalmente a subjectividade que estas coisas têm, na minha opinião os dois maiores génios da literatura portuguesa são Camilo Castelo Branco e José Saramago. Continuarão a sê-lo.
Se o primeiro não teve tempo de escrever uma grande obra será sempre um prazer relê-lo, já o segundo deixou-nos, seguramente, várias obras-primas.
Camilo deixou-nos há 120 anos, a sua obra permanecerá. Saramago acaba de nos deixar, a sua obra permanecerá. Devemos-lhes o que se deve a referências enormes da nossa cultura.
Só que o funeral do Prémio Nobel fez-nos lembrar um facto que nunca deveríamos esquecer: o tipo de governantes que escolhemos. Será que os merecemos?

Pedro Ferreira, bi-campeão nacional


O atleta juvenil Pedro Ferreira (na foto), da Sociedade União Operária, venceu ontem o salto em Comprimento com 6,81 metros e o Triplo-salto com 14,01, nos campeonatos nacionais que se disputaram em Guimarães. Nas duas provas o atleta não conseguiu ultrapassar as suas melhores marcas pessoais, mas foi , contudo, suficiente para obter os respectivos títulos nacionais.
O iniciado Luís Cardoso ficou em 3º lugar no Lançamento do Martelo.
Mas ontem foi mais um dia grande para o atletismo e para a pequena e humilde colectividade que mantem o projecto e está de parabéns: mum meeting em Aveiro, o atleta infantil João Dias melhorou o seu próprio record nacional de Lançamento de Dardo, enviando o aparelho a mais 33 centimetros que a anterior marca, fixando-a em 39,63 metros.
Parabéns extensivos ao treinador, o professor Fonseca Antunes, que mantém a saudável teimosia de ir conseguindo fazer omoletes sem ovos (leia-se pista de atletismo).

domingo, 20 de junho de 2010

A parolice


O antigo agente da CIA, o inefável, execrável e inenarrável Mário Soares, vai receber as chaves da cidade da Figueira da Foz no próximo dia 24, o feriado municipal.
Segundo se pode ler na imprensa local a distinção é devida, passo a citar, "pela sua extraordinária acção em prol do concelho da Figueira da Foz".
Mas segundo o blog humorístico local "Ti Hortênsia do Iselindo" já por mais de uma vez o ex-amigo de Salgado Zenha e Manuel Alegre desconsiderou a cidade.
Confiram aqui.
António Agostinho é de parecer que não seria necessária tanta parolice. Vinde aqui.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

terça-feira, 15 de junho de 2010

Portugal-Costa do Marfim: Explodiram desculpas


A selecção portuguesa é, na minha opinião, uma das melhores do mundo. Pelo menos tecnicamente acho que ninguém tem dúvidas. Falta-lhe é uma pequena coisa que pode definir tudo: classe. Ele é um supostamente melhor jogador do mundo dizer que vai explodir, ele é o cidadão mais bem pago deste país, ganha mesmo, segundo se diz, muito mais do que ganhava Scolari, que vem contar a estória da ligadura do Drogba para justificar a inoperância da equipa que conduz. Acho que é ridículo e deprimente demais.
Corre-se o risco do único grande mérito de Queiroz foi ter baptizado a selecção...

domingo, 13 de junho de 2010

Álvaro Cunhal morreu há 5 anos


O PCP dedica durante este mês um ciclo sobre Álvaro Cunhal, intitulado «Uma vida dedicada aos trabalhadores e ao povo, ao ideal e projecto comunistas».
Segundo Francisco Lopes, em entrevista ao jornal “Avante!“é uma forma de projectar para o futuro o exemplo de Álvaro Cunhal e a sua contribuição teórica, de elevadíssima utilidade nos tempos que vivemos”.
No âmbito deste ciclo vão ser assinalados, no dia 22, os 60 anos do julgamento do dirigente histórico dos comunistas, no Tribunal da Boa Hora. Julgamento esse que Álvaro Cunhal transformou num libelo acusatório do regime e num acto de resistência.
Hoje faz 5 anos que morreu o velho resistente.
A importância de Álvaro Cunhal, sendo indubitável, também tem o reverso da medalha, pela negativa. Personalidade excepcionalmente rara também serve para alguém, num oportunismo intelectual, ganhar dinheiro com a sua imagem. Quando, na verdade, é a sua obra que é importante.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O grande circo: alguns palpites

Começa hoje à tarde o 1º campeonato do mundo de futebol realizado no continente africano.
Pese embora a poderosíssima capacidade alienante que o futebol-espectáculo tem, sempre quero deixar aqui alguns palpites sobre os possíveis candidatos à vitória final.
È justo fazer uma declaração de interesses: neste certame sou sempre pela “canarinha”. Ainda para mais os “palancas negras” quiseram dar-se a excentricidades e não conseguiram o apuramento para o torneio sul-africano.
Vamos, então, aos favoritos. Em meu entender só haverá surpresa quanto ao vencedor se este for uma selecção fora dos 7 seleccionados que apontarei.
E destes, 5 (Brasil, Argentina, Itália, Inglaterra e Alemanha) já conquistaram o troféu. Excluo o Uruguay e a França. Não vejo os franceses, malgré o meu francolifismo, capazes que chegar tão longe, e não estou influenciado pelo facto de se terem apurado através de uma arbitragem à portuguesa.
As outras duas que não representarão surpresa alguma se chegarem à vitória final são as duas selecções ibéricas, Portugal e Espanha. A primeira foi semi-finalista há 4 anos e tecnicamente é uma das melhores do mundo, a segunda é campeã europeia, com mérito e com classe, o que constitui um forte cartão de crédito para o favoritismo.
Não me esqueci da Holanda, sempre uma selecção forte, só que não faço a mínima ideia de como se encontra pois não a vejo jogar há algum tempo, como também devo dizer que gostava de ver uma selecção africana a chegar um pouco mais longe do que tem acontecido. Acho difícil, mas tudo pode acontecer, a bola é redonda como dizia o outro.
E uma final Brasil-Costa do Marfim?
Deixemo-nos de tergiversações. Venha de lá o hexa.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

10 de Junho

Correm turvas as águas deste rio
Que as do céu e as do monte as enturbaram;
Os campos florescidos se secaram;
Intratável se fez o vale, e frio.

Passou o Verão, passou o ardente Estio;
Umas cousas por outras se trocaram;
Os fementidos Fados já deixaram
Do mundo o regimento ou desvario.

Tem o tempo sua ordem já sabida;
O mundo, não; mas anda tão confuso,
Que parece que dele Deus se esquece.

Casos, opiniões, natura e uso
Fazem que nos pareça desta vida
Que não há nela mais que o que parece.


Luís Vaz de Camões

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Vasco Gonçalves, um homem de Abril


Pode-se ficar na História por boas ou por más razões. Por estas ficarão os pseudo-democratas que se colocaram ao lado do imperialismo americano, chegando a defender a invasão do país para que as classes dominantes da ditadura recuperassem as benesses entretanto perdidas. Conseguiram-no. Estes “miguéis de vasconcellos” bem poderiam ficar na História com o nome de “Carlluci boys”.
Só não conseguem que o General Vasco Gonçalves não seja lembrado como o homem que personificou o espírito de Abril. Como um nacionalista, um homem que se manteve sempre ao lado dos trabalhadores. Por muito caluniado que tenha sido, uma vez que a contra-revolução nunca deixou de ter a comunicação social nas suas mãos, Vasco será sempre lembrado por quem defende e luta por uma sociedade melhor. Diferente do estado a que isto chegou.
No próximo dia 11 faz 5 anos que o general morreu. Amigos e familiares organizam uma romagem ao cemitério do Alto de S. João, às 11h00.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Patrões mais “burros”



Um estudo de Eugénio Rosa, utilizando dados oficiais, conclui que uma diminuição dos salários não determina um aumento da competitividade. E os salários, em Portugal, são menos de metade da zona euro.
No mesmo estudo o economista chega à conclusão de que um obstáculo mais sério ao aumento da rentabilidade e competitividade das empresas portuguesas é a baixa escolaridade dos patrões, que piorou entre 2003 e 2008. Este facto tem efeitos mais nefastos porque associado a baixas competências, o que torna difícil alcançarem-se elevados níveis de organização, gestão, inovação, produtividade e competitividade. Curioso é que enquanto o nível de escolaridade dos patrões tem diminuído o dos trabalhadores tem aumentado.
Resolver este problema será mais crucial do que baixar os salários, como insistem os arautos do neo-liberalismo, como o governo, os mega-merceeiros e outros que tais.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Cuidado com a demagogia e a aventura

Augusto Alberto
Fui dos que recebi a petição para propor a redução do número deputados na Assembleia da República. Várias vezes a recebi e várias vezes a rejeitei. Até que decidi enviar um breve, delicado e educado comentário à pessoa que pela última vez me enviou, dizendo-lhe que já não tenho idade para entrar em demagogias e aventuras. Que a petição deixe de maçar, é o meu desejo. De seguida será preciso clarificar quem, com o seu voto durante todos estes anos, tem construído a Assembleia de Deputados. Quem elegeu um tal deputado Preto, que comprou votos a 50 Euros e tratava da contabilidade em cima do tejadilho do automóvel? Quem elegeu um tal José Léguas, acrimonioso de José Lello, um tal deputado Ricardo Rodrigues, pouco dado a pressões psicológicas e por isso dado a roubar gravadores, ainda, admitamos, que os jornalistas possam ter abusado? Mas a questão é de que com os outros posso eu bem, mas quando é comigo, a pressão torna-se insuportável, desabafou. O deputado Portas que ainda um dia terá de explicar as bolandas dos submarinos e do seu amigo, ex-deputado e ex-ministro, Nobre Guedes, com o tribunal à perna por causa de uns negócios que meteram a banca e sobreiros? O deputado Alegre, um autêntico sim senhor, que hoje quer passar a ideia de que nada é com ele e lança a rábula da consciência moral da Nação?
Acontece que eu não fui, mas tenho a certeza de que para muitos dos que promoveram a petição, está a chegar o tempo da expiação. Mas meus caros, ela deverá ser feita sem demagogias e aventuras. Exige-se nesta matéria rigorosa análise, sob pena de corrermos perigos e também coragem para perceber que o que tem de mudar, é provavelmente o modo como se indicam os candidatos a deputados e muito provavelmente, o voto de muitos que se propuseram recolher assinaturas. Mas sendo legitimo que não o queiram fazer, então, sempre digo que é de difícil equação fazer a quadratura do círculo, ainda que a partir do centro do quadrado se possa partir para o desenho do círculo ou vice-versa.
De qualquer modo, para os mais encarniçados demagogos e aventureiros defensores da petição recomendo vivamente a leitura de um texto de André Freire, publicado no jornal de referência do regime, o Público, de 31 Maio deste 2010, que aborda tal matéria, com extremo sentido intelectual e ético. De seguida, verificarão que afinal, se calhar, o problema não está na quantidade de deputados eleitos mas na qualidade de quem é eleito e muito sentidamente, de quem vota.

domingo, 6 de junho de 2010

Sociedade União Operária dá cartas


foto: alex campos
Pedro Ferreira (na imagem, durante um treino), da SUO Vais, venceu o Salto em Comprimento ontem no "Olimpic Jovem", prova que está a decorrer este fim de semana, em Leiria. O atleta, juvenil, saltou 6,91 metros,marca que passa a constituir novo record regional.
O iniciado Luís Cardoso que foi recordista nacional no Laçamento do Martelo na categoria de infantil, não conseguiu mais do que a 5ª posição no Lançamento do Disco.
Os jogos prosseguem hoje.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Sobre pontos de vista fascistas

Que as figuras políticas são polémicas não haverá muitas dúvidas. Os seus inimigos tendem sempre a denegri-las. Mas quando se recorre à ignomínia e à mentira estamos perante mentes mal formadas, cujas armas mais mortíferas são a mesquinhez e o desconhecimento histórico.
A ilustrar o que acabo de escrever está o que leio sobre o Almirante Rosa Coutinho. Sobretudo em belogues de direita. Que esta esteja órfã do fascismo é uma coisa que não me diz respeito, embora em trinta e tal anos de democracia, ou coisa parecida, já tivesse tido tempo de se democratizar.
Está bem que os filhos da puta dos fascistas se estão nas tintas para o facto de Rosa Coutinho ser um dos protagonistas que eu admiro daquela fase histórica. Têm esse direito. Não deveriam era ter o direito de mentir e dizer baboseiras para tentar denegrir o almirante.
Sobre algumas destas baboseiras que li faço alguns comentários, ou esclarecimentos.
Que Rosa Coutinho entregou Angola ao imperialismo soviético e aos mercenários cubanos, alçando um pouco implantado MPLA, li. Que aterrorizou a população branca com a finalidade de os fazer fugir daquela terra, li.
Bem, o MPLA não estava nem pouco nem muito implantado. Por muitas divergências que actualmente possa ter com o MPLA devo dizer que é o único movimento que teve origens nas reais necessidades do povo angolano e na urgência de uma luta pela independência. Foi fundado por nacionalistas angolanos e em território angolano. Lembro, ou esclareço quem possa não saber, que a UNITA só foi fundada em 1966 após o MPLA ter aberto uma frente no leste do país. Tenho dúvidas sobre quem terão sido os fundadores. Mas também será um facto que dificilmente alguém venha a saber. O general Costa Gomes? Ou a própria PIDE? Da FNLA sabe-se que Holden Roberto, familiar do homem forte da CIA, Mobotu, também foi funcionário dessa colectividade americana. E formou a FNLA a partir de um agrupamento tribalista baseado em povos do norte do país. O “15 de Março”, que ficou conhecido por terrorismo, em que foram chacinados não só brancos como operários e camponeses negros do sul, diz, quem tem interesse em tal, que foi um erro do próprio Holden, à revelia da própria CIA.
Quanto ao ter entregue Angola, também é sabido que quem começou a guerra não foi o MPLA. Guerrilheiros da FNLA que no quartel estavam a limpar armas ligeiras, dias antes da guerra começar, disseram-me, a mim e a colegas meus: “estas meninas vão dançar no fim do mês”. Certo é que a guerra começou nos primeiros dias de Junho de 1975.
Mercenários foram os sul-africanos, alguns militares portugueses e terroristas internacionais ao serviço da FNLA. Os guerrilheiros que me prenderam não falavam português. Falavam francês, pois vinham do Congo.
Por último, devo lembrar, ou esclarecer quem não saiba, que muitos brancos estão entre os fundadores do MPLA, alguns dos quais figuras grandes da cultura e da literatura angolanas. E alguns nascidos em Portugal. O próprio Agostinho Neto, presidente do MPLA e primeiro presidente da República era casado com a poetisa Eugénia Neto, branca e transmontana.
Não adianta tentar branquear a História. Ela é um julgamento.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Rosa Coutinho (1926-2010)


Um dos militares que formou o Movimento das Forças Armadas que viria a derrubar o regime fascista.
O Almirante Rosa Coutinho faleceu hoje, aos 84 anos. Figura marcante do 25 de Abril, os povos africanos de expressão portuguesa vitimas do regime colonial recordá-lo-ão para sempre com o devido respeito que se deve aos amigos e aos homens corajosos e coerentes.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Fartai-vos vilões

Augusto Alberto

Dar uma injecção atrás da orelha aos velhinhos, para lhes acabar com a existência e reduzi-los a pó, era uma espécie de acto festivo. Comer meninos ao pequeno-almoço foi uma espécie de majestático requinte. Foram as duas actividades mais refinadas de um grupo de gente que andou por cá escondida até 1974. Estas foram histórias contadas não só ao abrigo de uma faia, junto ao coreto, no lugar fronteiro à igreja, mas em muitos outros locais, desde lares, nos poucos que existiam, até, afinal, dentro das sacristias. Será preciso dizer que o senhor padre e os beatos não mentiram, inventaram e a invenção não cabe no cardápio dos pecados. E a pia liberta.

Votar de dedo no ar, foi uma cabal demonstração de como a liberdade foi sempre castrada. Votava-se de braço no ar para que aquele ínvio que estava escondido nos bastidores, a mirar, num olhar voyeur, a assembleia que decorria, fosse anotando num caderninho o nome dos que ao arrepio da corrente, ousassem votar contra, ou seja, deixando o dedo em baixo quando a maioria o esticava para cima, para de seguida ser esconjurado, apertado numa sala escura e fria e atirado à rua. Para acabar com essa indelicadeza até se fez lei que obrigava a assembleia, qualquer que fosse, ao voto secreto em vez do braço esticado. Assim se deixava de corromper a liberdade e a democracia, porque o espartilho do dedo, estava modernaçamente arrumado e o voto secreto, sempre é secreto. Mas ouve gente e muito bem, porque só a si compete decidir como, que ousou desmontar a lei e, como sempre, em consciência, fazer como acha. Porque na nossa casa, mandamos nós.
Agora que o tempo parece que serenou e por isso os coirões se vão afoitando, desfiando e perdendo a vergonha, e mais do que isso, julgando que a memória se esgotou e apaga, pasmo quando leio no jornal de referência da república, que afinal o Secretário-geral do Partido Socialista, o nosso elegante Primeiro-ministro, José Sócrates, recomendou ao grupo restrito de dirigentes do partido socialista que decidiu do apoio ao poeta Alegre, que decida de braço no ar. Coirões, foi de rompante o que me ocorreu dizer. Coirões, digo e repito, para além de não saber se essa gente não incorreu na violação da sua própria lei.
O povo é sereno, bem sabemos. Basta ler nos nossos melhores do passado para sabermos como ao povo se contaram histórias, e continuam contando, que quer queiremos ou não, vão fazendo escola e mossa. Mas também é verdade que o povo volta e meia simplifica as coisas e com poucas letras consegue dizer verdades. Recordo-me neste instante, da que diz, com papas e bolos se enganam os tolos ou num adorno, neste tempo do foot, que com papas e golos se enganam os tolos. Mas neste instante, neste lugar onde não me escondo, apetece-me dizer que os coirões, com o anticomunismo e com bolos, lá vão enganando os tolos.
Fartai-vos vilões.