quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Savimbi e a ironia da História


Faz hoje 10 anos que Savimbi foi morto, supostamente pelas Forças Armadas Angolanas. Nunca tive qualquer simpatia pelo “galo negro”, que serviu as forças coloniais, as racistas e o imperialismo americano. Aconteceu-lhe o que aconteceu a muitos outros. Quer dizer, foi descartado quando já não era necessário.
Lembro-me que não festejei a sua morte, embora a eliminação dos inimigos seja algo que se festeje, mas, uma coisa é certa, ela traduziu-se na chegada da paz. Que, tenha o preço que tenha, vale sempre a pena, já aqui o disse.
A ironia é que Savimbi representava os valores ocidentais, os princípios democráticos segundo o capitalismo internacional, com o condicional apoio do Ocidente, principalmente dos EUA. Foi muito útil, portanto, enquanto o MPLA teve o apoio da União Soviética e defendia o sistema de partido único.
Foi deixado cair quando já não era útil, porque substituído pelo MPLA, que entretanto se converteu ao imperialismo.
Ao fim e ao cabo, Savimbi é, também ele, um vencedor.
Mas apesar disso, a História, Savimbi, julgar-te-á muito mal. Como o traidor que foste. E olha que os teus compinchas tugas estão todos no poder, bem troikados, uns a exercê-lo e outros a fingirem-se de oposicionistas.
É triste, muito triste, mas a tua vitória, Savimbi, sabe bem a outros. Viveste a trair, morreste traído.
Realço uma dúvida que perdurará, temo mesmo que ficará para sempre no segredo dos deuses: quem fundou a UNITA?

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