segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O senhor Ulrich


Augusto Alberto


Chegou ao fim o prazo dado ao Reino Unido para aplicar restrições à entrada a naturais da Bulgária e da Roménia. Receando um enorme fluxo emigratório, o Reino Unido prepara uma campanha visando impedir a entrada a cidadãos desses dois países, seguindo os exemplos da Holanda e da Finlândia, que, em 2011, vetaram a entrada da Roménia e Bulgária no espaço Schengen.
Viola-se assim o princípio, escrito, da livre circulação e nega-se, depois de desconstruído o socialismo, a possibilidade prometida de melhores vidas, com a adesão à União Europeia em 2007, e o acesso ao mercado de trabalho livre, a partir de Janeiro de 2014. 
Nesse sentido, propõe um ministro britânico a necessidade de contrariar a ideia, de que as “ruas aqui são ladrilhadas a ouro”. É preciso, pelo contrário, dizer que no Reino Unido, “chove quase todo o ano, “o lixo transborda dos contentores”, “as fábricas têm as portas fechadas”, “os jovens abusam do álcool”, (isto é certeiro), e “os empregos não são tão bem pagos”. E inclusive, o Guardian, jornal de “centro-esquerda”, superior cretinice, pediu aos leitores para enviarem sugestões de mensagens, que sirvam o objectivo do Governo. "Venham e limpem as sanitas”, a “Grã-Bretanha está cheia de maus empregos para os estrangeiros."É melhor onde estão", "Grã-Bretanha: não se incomodem, estamos fechados", foram algumas.
Alguns estudos afirmam que podem chegar a perto dos 500 mil os cidadãos desses dois países, a fixarem-se no Reino Unido. Enquanto a Migration Watch, entidade independente, especula que 30 milhões de pessoas desses dois países, estão em condições de ganhar o acesso livre aos países da Comunidade Europeia.
Sem querer especular sobre o putativo fluxo migratório e suas desvantagens, há pelo menos uma dúvida que não calo. Então foi para isto que na Bulgária se confiscaram e fecharam em cofres-fortes as obras teóricas de Dimitrov? E foi para isto, também, que na Roménia se enforcou o ditador Ceausescu? Afinal, depois de promessas de vidas diletantes, o que sobra? Ser pária na pátria que os pariu? Sê-lo também, na Comunidade que lhes fez promessas de leite e mel?
Assim se vai provando que o grande desígnio não foi trazer a esses povos mais e melhor sociedade, mas tão só, após a vitória de um modelo sobre o outro, a garantia de poder especular sobre os avanços sociais induzidos pelo socialismo, na sociedade capitalista. Para confirmar, aconselho a perguntar ao senhor Ulrich quantos de nós terão de baixar à condição de famintos ou sem abrigo, para fazer um banqueiro rico.

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