terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A desgraça em modo gourmet

Augusto Alberto


Em 1580 perdemos a favor de Castela, a independência. Anuiu uma grossa fatia da aristocracia, que ensaiou os primeiros passos, na recolha de migalhas, que Castela deixava cair da mesa ao chão. Nas casas senhoriais e nos meandros da corte, mal amanhada e canalha, chamaram a essas migalhas, comida gourmet, sem haver, então, “chefes”, reconfortados com estrelas Michelin. Comida gourmet, vistas assim as coisas, é, pois, comida ancestral. Foi de tal modo, que uns anitos após a perda da honra, ainda o cabresto do “Portas”, nem sequer era projecto, Castela, meteu a nossa pobre frota em apuros e concedeu ao pirata Draque, mais à rainha herética, Isabel I, uma vitória militar, nas costas da Cornualha, a que os lordes de sua majestade, logo chamaram, uma vitória gourmet, porque afinal, a armada invencível, entregue a um duque, que de água, só conhecia a da celha onde lavava os pés e a piça depois de sair de cima da duquesa, foi uma armada tenrinha. Ou seja, Groumet é exactamente isso. Tontice e tenrice!
Acontece que foi depois dessa desgraçada derrota, que nos levou as fracas barcas e os que amanhavam a terra e dela recolhiam o sustento dos nobres, que a “elite”, se tomou de frémitos. Deu-se, então, a reboada de 1640. Sem embargo de outras interpretações, vivemos, hoje, um tempo semelhante, ou o tempo em que o “Portas” passou de projecto a realidade macabra. Ou seja, mais uma vez a elite desgraçada cedeu a honra da Pátria, e recolhe migalhas, mas agora, com uma suave nuance. Ao tempo do Vasconcelos, soubemos que foi Castela quem nos esbulhou, mas agora, a gente não conhece, quem. Sabemos, sim, que são “bacantes”, como Lagarde, quem desenha o saque, sem antes, um tal “Subir Lalle”, indiano, de ¼ de costado, fazer o esquiço.
Contudo, falta ainda dizer, para a acabar este textozinho, quem veste, hoje, os casacos de púrpura, que sobraram da duquesa de Mântua. Magníficos biltres! Que moram num palácio à Lapa, ou no Largo do Caldas, ou ainda, num Largo, com nome apropriado, de Rato. Todos, debaixo do comando de um “algarvio”, de baixíssima têmpera, ou da terra, de onde partiram muitos dos Portugueses, que nas águas do canal da Mancha, naufragaram para sempre. Conhecesse Cavaco o mau fim dos seus conterrâneos, e colocaria a Nação em sereníssima defesa da honra. E conhecêssemos nós também a malfadada história, logo perceberíamos, a razão porque o 1º de Dezembro, passou de feriado a nudez.
A barca de hoje, vai rota também, e o gajeiro sentado no alto da gávea, vai enganando a companha, por isso, pouco falta para a barca afundar e levar muitos de nós.

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